Por: Daniel Lima
O medo faz parte da experiência humana.
Bebês
sentem medo com barulhos altos muito antes de saber qual o perigo por trás do
som. A maioria de nós tem medo de alguma coisa. Pode ser de algo sério, como um
cão agressivo, alta velocidade ou doenças; pode ser de coisas até engraçadas,
como medo do escuro, de altura ou de borboletas. Parece que ser humano é sentir
medo. O curioso é que esse medo é tanto uma reação ao perigo real como ao
imaginário.
Com
uma rápida consulta na internet, lemos a seguinte definição: “Estado emocional
provocado pela consciência que se tem diante do perigo; aquilo que provoca essa
consciência”.[1] Assim, o medo pode ser fruto da consciência de um perigo (por
exemplo, quando você está em um lugar alto do qual pode cair) ou, ao contrário,
o medo pode gerar essa consciência quando o perigo inexiste (por exemplo, se
houver uma cerca segura neste local alto).
Como
cristãos, confundimos medo e temor. Embora possam ser parecidos, são sensações
totalmente diferentes. Não somos chamados a ter medo de Deus, mas sim temor
(Salmos 111.10; Provérbios 1.7). Moramos como família há anos no Rio Grande do
Sul. Um de nossos passeios favoritos é ir até os cânions da região dos Aparados
da Serra. Para quem não conhece, são paredões de pedra de até 700 metros de
altura. Eu não tenho medo dos paredões, tenho respeito (temor?) pela sua
imensidão. No entanto, se eu estiver na beirada e escorregar, terei medo das
consequências de cair.
O
mesmo ocorre com Deus. Quem conhece a Deus, mesmo que superficialmente, fica
impressionado com seu poder e por isso teme. Contudo, quando alguém decide
ignorar o Senhor e contrariar seus propósitos, deve, sim, ter medo das
consequências. O temor é positivo nesse sentido, mas o medo sempre é algo
negativo. Em seu excelente devocional The Blue Book, o autor Jim Branch
escreve:
Quanto
mais velho eu fico, mais eu me dou conta de que possivelmente o pior inimigo de
nossas vidas espirituais (além de Satanás) é o medo. Medo parece estar no
centro de tudo que luta contra o meu bem de coração e alma. No centro de meu
ativismo está o medo. No centro de minha insegurança, o medo. No centro de
minha ansiedade, o medo. No centro de minha competitividade... sim, o medo.[2]
O
apóstolo João nos alerta para o fato de que o “perfeito amor expulsa o medo”
(1º João 4.18). De uma forma mais clara, podemos retomar a narrativa da Queda e
veremos a entrada do medo na humanidade. Em Gênesis 3.8-10, lemos:
Ouvindo
o homem e sua mulher os passos do Senhor Deus, que andava pelo jardim quando
soprava a brisa do dia, esconderam-se da presença do Senhor Deus entre as
árvores do jardim. Mas o Senhor Deus chamou o homem, perguntando: “Onde está
você?” E ele respondeu: “Ouvi teus passos no jardim e fiquei com medo, porque
estava nu; por isso me escondi”
O
homem nunca havia sentido medo antes. Algo mudou dentro dele. Larry Crabb
define assim a reação humana:
Fiquei
com medo... emoção central de Adão; porque estava nu (exposto)... sua motivação
central e por isso me escondi... sua estratégia central.[3]
O
medo – que hoje é parte da experiência humana – foi inaugurado dessa forma,
pois o homem, motivado por sua exposição, resolveu buscar uma solução por conta
própria, sem Deus. Creio que o medo é realmente a grande arma de Satanás para
impedir nossa aproximação de Deus. Seu argumento ao tentar Eva foi que Deus a
estava enganando, de que havia algo melhor. Com medo de que estava perdendo
algo, Eva (e Adão) pecaram.
De que modo o medo atrapalha sua vida espiritual? Você tem medo do fracasso (qualquer que seja sua definição de fracasso)? Você tem medo de perder relacionamentos importantes? Você tem medo da rejeição? Ou da dor, da pobreza? Qualquer que seja seu medo, este é um indicativo da estratégia de Satanás para afastá-lo de Deus.
Deixe-me alistar alguns passos ao enfrentar o medo:
Identifique
seu medo. O que você mais teme? Identifique e avalie qual a real possibilidade
de que isso aconteça. Um medo não definido é gigantesco, e lembre-se: medo gera
ainda mais medo. Na minha experiência, eu posso tratar do medo ao
identificá-lo; posso avaliá-lo e reconhecê-lo antes que me paralise.
Reconheça
que o verdadeiro inimigo é Satanás. Ele é o pai de toda mentira (João 8.44). Na
passagem de 2º Coríntios 10.3-5, Paulo nos exorta a destruir argumentos (a
palavra no original é sofisma, uma mentira bem contada). Quais são as mentiras
que você tem deixado que se tornem fortalezas em sua vida? Essas mentiras com
certeza estão por trás dos seus medos.
Cultive
a verdade de que “o perfeito amor expulsa o medo” (1º João 4.18). À medida que
conseguimos confiar neste Deus que é todo poderoso e ama perfeitamente,
percebemos que estamos seguros, que não há nada a temer.
Minha oração, por você, leitor, e por mim, é que a realidade do amor de Deus e de seu poder afastem de nós esse companheiro indesejado. E que, sendo ousados nas promessas e na segurança de nossa relação com Deus, possamos experimentar um vida muito mais plena.
Fonte: Chamada.com
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