Uma
série de crianças em vários países no continente Africano vivem o drama de
serem consideradas “bruxas”.
Os
motivos geralmente envolvem crenças pouco justificáveis, o sofrimento e vulnerabilidade
de quem recebe este estigma.
De
acordo com relatório da Unicef de 2010, Angola, Nigéria, Camarões, República
Centro-Africana, Libéria, Serra Leoa, Tanzânia, Burundi e Gabão são alguns dos
países os quais existem registros sobre crianças consideradas “bruxas”.
Uma
delas, uma menina de 15 anos que não pôde ser identificada, foi classificada
pelo fato do pai da jovem ter morrido, depois do ataque epilético de um primo o
qual não obteve explicações do médico.
“A mulher de meu tio disse
que eu era responsável pela doença do garoto, pois ela nunca tinha visto algo
parecido”, afirmou. Com isso, ganhou o título e sua vida tornou-se um inferno
até ser expulsa de casa. A história, no entanto, se repete em outras famílias.
“Eu
dizia a mim mesma que deveria evitar contato com outras crianças, para não
dizerem que eu lhes fazia mal. Quando falavam que eu era bruxa, doía”, contou.
Em 2013, foi resgatada por uma organização ligada ao Unicef.
Além
do abandono, as crianças convivem, por vezes, com tortura para confessarem que
possuem poderes sobrenaturais. De acordo com a ONG britânica Safe Child Africa,
acredita-se que 80% das crianças e adolescentes acusados de bruxaria são
expulsos ou fogem de casa.
Por
conta de diagnósticos como epilepsia, tuberculose, autismo, Síndrome de Down e
gagueira, crianças são perseguidas. Mas existem casos de menores teimosos,
agressivos, preguiçosos ou “aéreos” entre os acusados. Se o parto também for
incomum ou for órfã, a criança pode ser marcada para o resto da vida.
“Muitas
crianças sabem da crença em bruxaria e têm esse medo [da acusação], que é
passado a elas por seus pais e pelas igrejas. O medo é onipresente. O tempo, o
amor e a afeição podem convencê-las do contrário, mas as cicatrizes
psicológicas são difíceis de serem tratadas”, disse Gary Foxcroft, um ativista
contra acusações de bruxaria.
No
entanto, em 2016 uma iniciativa traz ajuda a crianças nesta situação. A vila
Land of Hope, na Nigéria, foi criada por uma dinamarquesa que decidiu abandonar
tudo para cuidar de menores acusados de bruxaria. Atualmente, são 46 crianças
sob o seu cuidado. O trabalho é financiado por doações.
“Os
melhores momentos são quando percebo a transformação. De abandonados, excluídos
e medrosos, eles se tornam bons alunos, cheios de autoestima e com propósito de
vida. Testemunhar isso é um milagre. Milagre que só acontece quando você dá
tanta energia a seus sonhos quanto aos seus medos”, disse Anja Lovén,
responsável pelo projeto.
Por: Tiago Abreu
Fonte:
Gospel Prime
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