A comunidade brasileira no Líbano,
formada por cerca de 10 mil pessoas, demonstra confiança de que a escalada no
conflito sírio não afetará seu cotidiano a ponto de ter que retornar para o
Brasil. O Líbano tem uma fronteira terrestre com a Síria, e uma estrada ligando
as duas capitais – Beirute (Líbano) e Damasco (Síria) – é usada com frequência.
Morando há sete anos em Sultan Yakoub,
no Vale do Bekaa, próximo à fronteira do Líbano com a Síria, o comerciante
Nagib Barakat, de 44 anos, disse que não pretende sair do país se houver
retaliação de grupos aliados ao presidente sírio Bashar Al Assad, após uma
eventual ação militar americana.
"Daqui eu não saio. Me sinto mais
seguro aqui do que no Brasil, onde pessoas morrem todos os dias em consequência
de assaltos e violência urbana em geral", disse o comerciante, natural de
São Paulo. Barakat lembrou que, em 2006, quando muitos brasileiros foram
evacuados durante o conflito entre Israel e o Hezbollah, ele não saiu do país.
"Na época, mandei meus três filhos e minha mulher para o Brasil pela
evacuação do consulado. E agora, novamente, só mandaria minha família embora.
Eu ficarei", contou.
A expectativa aumentou com a manutenção
da decisão dos Estados Unidos de promover uma intervenção militar na Síria,
apesar da indicação de Assad de entregar o arsenal de armas químicas para
destruição, sob coordenação da comunidade internacional. Para o presidente
norte-americano Barack Obama, o uso de armas químicas na Síria é uma ameaça
mundial. Assad nega ter usado armas químicas.
A cidade de Sultan Yakoub, onde mora o
comerciante Barakat, tem 90% de sua população de origem brasileira e de
descendentes de libaneses. A região é um dos principais redutos de brasileiros
no Líbano e abriga a maior comunidade no país.
Lívia Tawil, de 49 anos, brasileira com
descendência libanesa, disse que tem passaportes preparados por precaução, mas
não quer deixar o país. Segundo ela, um grupo de 60 amigos brasileiros já foi
informado pelo consulado sobre a necessidade de deixar os documentos prontos
para o caso de uma saída emergencial.
"Muitos de nós não tememos uma
repercussão muito grande em nossas áreas. Poucos mostram vontade de sair do
Líbano", disse ela, que mora há 16 anos no país e tem dois filhos. Para
Tawil, a violência deve ocorrer entre as comunidades muçulmanas sunitas e
xiitas porque "estão envolvidas na Síria". "Os cristãos não têm
nada com os problemas e ninguém acredita que teremos violência em nossas
áreas", disse. "Claro que se a violência chegar até a gente, saio
pelos filhos. Os passaportes estão em dia, por precaução."
O conflito de dois anos e meio na Síria
deixou mais de 100 mil mortos, segundo as Nações Unidas (ONU), e cerca de 2
milhões de refugiados. No Líbano, os refugiados já chegam a cerca de 1 milhão,
em um país cuja população é pouco mais de 4 milhões.
Algumas embaixadas, como a
norte-americana e a francesa, retiraram vários funcionários e aconselharam seus
cidadãos a deixar ou evitar viagens ao Líbano. O Consulado-Geral do Brasil em
Beirute preparou um plano de evacuação de emergência, caso a situação de
segurança se agrave.
Fonte: Missão Portas Abertas
Fonte: Agência Brasil e BBC Brasil
Acesse
www.apoiesiria.org e participe da ajuda da Portas Abertas no país.
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