O presidente da Comissão de Inquérito da ONU para os
Direitos Humanos na Coreia do Norte, Michal Kirby, afirmou nesta terça-feira (17) que sua equipe recolheu
relatos de abusos generalizados e graves no país, incluindo sequestros e
torturas, bem como "atrocidades indescritíveis" em campos de detenção.
"O que temos visto e ouvido até agora – a
especificidade, o detalhe e o caráter chocante do testemunho pessoal – demanda,
sem dúvida, medidas de acompanhamento por parte da comunidade internacional e
prestação de contas pela Coreia do Norte", disse Kirby.
A comentar o trabalho da comissão ao Conselho de Direitos Humanos da ONU em Genebra, na Suíça, Kirby
disse que os testemunhos recebidos durante as recentes audiências públicas na
Coreia do Sul e Japão mostraram abusos em grande escala que podem constituir
violações dos direitos humanos sistemáticas e flagrantes no país cuja capital é
Pyongyang.
Kirby citou uma série de supostos abusos que vão desde
sequestros, torturas e uma política de punição entre gerações, até detenção
arbitrária em campos de prisioneiros marcados pela fome deliberada e outras
"atrocidades indescritíveis".
"Nós ouvimos pessoas comuns que enfrentaram a tortura e
a prisão por fazer nada mais do que assistir novelas estrangeiras ou pela sua
crença religiosa", disse o presidente da comissão.
Kirby observou que seu comitê convidou autoridades
norte-coreanas a participar das audiências públicas em Seul, capital da Coreia
do Sul, mas não recebeu resposta. A Coreia do Norte não permitiu a entrada da
comissão para realização do seu trabalho.
"Em vez disso a agência de notícias atacou o testemunho
que ouvimos como uma “calúnia” contra a Coreia do Norte, apresentadas pela
‘escória humana’. A verdade é sempre uma defesa contra acusações de difamação.
Se algum dos depoimentos sobre os campos de prisioneiros políticos, sequestros
internacionais, tortura, fome, punição entre gerações e assim por diante são
falsos, a comissão convida a Coreia do Norte a provar a hipótese", disse
Kirby.
A comissão foi nomeada pelo Conselho de Direitos Humanos da
ONU em março passado e tem mandato de um ano. Também inclui a fundadora e
presidente do Comitê de Helsinque para os Direitos Humanos na Sérvia, Sonja
Biserko, e o ex-procurador-geral da Indonésia e atual relator especial da ONU
sobre a situação dos direitos humanos na Coreia do Norte, Marzuki Darusman.
O grupo fará o seu último relatório ao Conselho de Direitos
Humanos em março próximo.
Há onze anos consecutivos, a Coreia do Norte ocupa o
primeiro lugar na Classificação de países por perseguição.
Fonte: Missão Portas Abertas
Fonte: ONU Brasil
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