Por: Al
Whittinghill
Cativeiro Impede Lágrimas
A razão por que não vemos muitas lágrimas também está
escondida no Salmo 126.1. É por causa do cativeiro. O povo de Deus está preso,
sem liberdade. Algo os controla e os impede de romper para frente.
No livro mais antigo da Bíblia, Jó passou a maior parte da
história relatada ali em cativeiro. Mas no último capítulo do livro lemos: “E o
Senhor virou o cativeiro de Jó, quando orava pelos seus amigos; e o Senhor
acrescentou a Jó outro tanto em dobro a tudo quanto dantes possuía” (Jó 42.10).
Deus diz três vezes que Jó era o homem mais justo sobre a terra. Temia a Deus;
aborrecia o mal; mas estava cativo. Qual era seu cativeiro? Estava preso a quê?
Jó estava cativo às suas próprias idéias do que significava
ser justo, o que significava ser santo, e o que significava servir ao Senhor.
Estava tão ocupado com seu próprio crescimento, sua própria libertação, e sua
própria bênção, que não tinha tempo para os outros. Mas quando tirou os olhos
de si mesmo por ter contemplado a Deus, e viu sua pequenez, e se arrependeu em
pó e cinzas, então pôde compreender seus amigos. Ele orou, e Deus reverteu seu
cativeiro. Quando Jó foi levado à cruz no seu interior, e pôde ver o Senhor e a
si mesmo, o resultado foi quebrantamento, as águas começaram a fluir, e ele
chorou. No final da sua história, Jó não era apenas justo, mas também
misericordiosa.
Venha à Cruz
Não posso chorar por outros se tudo que ocupa minha mente é a
preocupação com minha própria bênção, minha própria prosperidade, meu próprio
ministério, e como Deus pode me usar. Tenho de ser descentralizado. Temos de
vir à cruz, e ser destronizado, e descentralizado. Na cruz, Deus tira nossa
mente da nossa própria vida insignificante.
A razão por que a oração com lágrimas nos atrai tão pouco é
que tentamos entrar no nível celestial deste tipo de intercessão, no poder, na
força e na sinceridade do velho homem. O velho homem não consegue manejar como
arma o tipo de oração que estamos descrevendo, que é poderosa em Deus para
destruir fortalezas. Só Deus nos pode dar esta capacidade. O velho homem pode
imitá-la, mas nunca pode realmente exercê-la. Só pode imitar e fazer o barulho
de “címbalo que retine”.
É quando entramos em união consciente com o Senhor, esperando
diante dele, que nossa oração é transformada. Ao chegarmos à cruz, e passarmos
o veredicto da cruz sobre nossos próprios pensamentos e palavras, somos
libertos. No cativeiro, nosso espírito está preso, e não estamos livres para
entrar na emoção da oração, no clamor de coração em favor das coisas que Deus
nos mostra como seus alvos.
O monstro do egoísmo que estava em Jó, e que está em mim e em
você, precisa ser enfrentado e expulso. Cristo não pode nos possuir, nem fazer
com que rios de águas saiam dos nossos olhos, e fluam do coração como prometeu,
até que sejamos verdadeiramente quebrantados. Este quebrantamento na oração vem
quando Deus restaura o cativeiro de Sião.
Identificado Com Cristo
Já ouvimos muito sobre a morte, o sepultamento, e a
ressurreição de Jesus, e pregamos que fomos identificados com o Senhor em tudo
isso, mas não levamos esta identificação até onde precisa ser levada. Morremos
com ele, fomos sepultados, ressuscitamos – sim, subimos também, e estamos
assentados com ele nos lugares celestiais. Mas depois nos esquecemos de
continuar. Agora ele está em intercessão contínua. Estar ligado com ele,
identificado com ele, significa unir-se com ele na intercessão, tanto quanto
nos outros passos.
O Espírito Santo não está satisfeito com a qualidade atual
das orações na igreja. Ele deseja libertar nossos corações, para não ficarmos
mais amarrados, e para podermos andar em tudo que planejou para nós. Deus
atenderá às orações quando houver um verdadeiro clamor por avivamento, quando
nosso cativeiro for restaurado, e quando todo nosso ser estiver envolvido.
Esta é a carga que Paulo sentia ao escrever para os romanos,
quando disse: “Digo a verdade em Cristo, não minto, testemunhando comigo, no
Espírito Santo, a minha própria consciência: tenho grande tristeza e incessante
dor no coração; porque eu mesmo desejaria ser anátema”, ou ir para o inferno,
se com isto meus compatriotas segundo a carne pudessem ser salvos (Romanos
9.1-3). Este é o tipo de carga que Moisés carregava quando foi diante de Deus e
disse: Senhor, se não puder salvar este povo, “risca-me, peço-te, do livro que
escreveste” (Êxodo 32.32).
Lágrimas quentes não saem de corações frios. Um coração frio
é um coração em cativeiro, um coração que não pode entrar nesta esfera. Quando
o Senhor restaura o cativeiro de Sião, então vemos Deus abrindo os céus,
derramando torrentes de chuvas, e enchendo os leitos secos novamente.
Assim que Sião entrar em dores de parto, dará à luz. Existem
dores de parto. Paulo estava se referindo a isto quando disse: “Meus filhos,
por quem, de novo, sofro as dores de parto, até ser Cristo formado em vós”
(Gálatas 4.19). Dores de parto são agonias profundas, gemidos que não podem ser
expressos em palavras.
“Derramai perante ele o vosso coração” (Salmos 62.8). A
igreja primitiva tinha um lema que repetiam continuamente: “Não se chega no céu
sem lágrimas”. Durante três séculos a Igreja usou este lema.
Fonte:
O Arauto da Sua Vinda
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