Por: Andrew Murray
(1828-1917)
A Palavra de Deus é como uma
semente; tudo depende do tratamento que ela recebe.
Alguns recebem a Palavra apenas
com a razão – e se permanecer apenas ali, ela não pode ser vivificada. A
Palavra é destinada ao coração, à vontade e às emoções. A Palavra precisa ser
obedecida, colocada em prática, vivenciada. Quando isso é feito, ela manifesta
sua capacidade de gerar vida e poder. Não somos nós que damos vida à Palavra.
Quando, pela fé na vida e no poder que existe na Palavra, o coração se abre a
ela em humilde submissão e desejo sincero, a própria Palavra entrará em ação e
demonstrará sua eficácia.
“E é apta para discernir os
pensamentos e propósitos do coração” (Hb 4.12).
É especialmente sobre o coração que a Palavra de Deus age. No capítulo
três de Hebreus, lemos sobre o coração endurecido, sobre o coração perverso de
incredulidade e sobre o coração que se desvia (Hb 3.8-15). Quando vemos
posteriormente a palavra “coração” na epístola, percebemos que tudo mudou:
encontramos um coração no qual a lei de Deus está escrita, um coração sincero e
verdadeiro, um coração aspergido com sangue, um coração fortalecido pela graça
(Hb 8.10; 10.22; 13.9).
Vemos que houve a transição de
uma condição para a outra. O apelo de Deus foi: “Hoje, se ouvirdes a sua voz,
não endureçais o vosso coração…” (Hb 3.7-8,15). O coração que simplesmente se
render para ser vasculhado pela Palavra de Deus e ter seus pensamentos e
intenções secretos discernidos e julgados por ela será libertado de seus
desvios e incredulidades, vivificado e purificado, transformado em uma tábua
viva na qual a Palavra será escrita pelo próprio Deus. Como precisamos
reconhecer o quanto isso é necessário! Ao mesmo tempo, como é maravilhoso poder
submeter nosso coração ao discernimento e julgamento da Palavra!
Renda-se a Deus e à sua Palavra
“E não há criatura que não seja
manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as coisas estão descobertas e
patentes aos olhos daquele a quem temos de prestar contas” (Hb 4.13). A Palavra
de Deus carrega em si o caráter do próprio Deus. Ele é aquele que é onisciente
e onipresente, e nada pode se ocultar ao julgamento da sua Palavra.
Se não quisermos que nos julgue
agora, ela nos condenará depois. Pois todas as coisas estão nuas e expostas
diante dos olhos daquele a quem devemos prestar contas. Sim, o Deus com quem
nos relacionamos é aquele de quem mais tarde lemos: “Horrível coisa é cair nas
mãos do Deus vivo” (Hb 10.31). E novamente: “porque o nosso Deus é fogo
consumidor” (Hb 12.29).
Que cada um de nós se renda de
bom grado a Deus. Se porventura existir uma consciência interior de que nem
tudo está em ordem na nossa vida, devemos tomar cuidado para não deixar tal
percepção de lado. É o primeiro influxo de umidade que estimulará ação da
semente viva da Palavra dentro de nós.
Não considere que esse pensamento
tenha vindo de si mesmo ou da pessoa que lhe transmitiu a Palavra de Deus; é o
próprio Deus o despertando do sono. Comece a acertar suas contas com ele.
Permita que a Palavra lhe aponte o que está errado. Não tenha medo de deixar
que ela lhe desvende seus pecados e sua miséria. O bisturi do médico fere a fim
de curar. A luz que mostra seu pecado e seu erro certamente lhe trará
libertação. A Palavra é viva e lhe dará vida.
Deus falou conosco por meio do
seu Filho. Esse é o tema principal da epístola aos Hebreus. Hoje, se você ouvir
a voz dele, não endureça seu coração. Ouçamos e nos submetamos à Palavra. Ao
lidarmos com a Palavra, também nos acertaremos com Deus. E, assim, Deus tratará
conosco.
Julgue a sua vida não pelo que
seu coração diz ou pelo que a igreja ou o chamado mundo cristão diz, mas pelo
que a Palavra diz. Deixe-a livre para falar abertamente com você – e ela o
abençoará grandemente. Sim, abra seu coração totalmente diante de Deus, o Deus
a quem teremos de prestar contas, quer queiramos ou não.
A Palavra é viva e ativa. Tenha
grande fé em seu poder. Permita que o Espírito Santo, a Palavra viva e o
próprio Deus toquem a sua vida por meio dela. A Palavra sempre aponta para o
Deus vivo, que está presente nela e que a torna uma Palavra viva no coração
daquele que está em busca de vida e de comunhão com Deus.
– Adaptado de: The Holiest of
All (O lugar santíssimo)
Fonte: Revista Impacto
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