Eis o segredo de corações frios e orações frias. Lembre-se de que antes da nuvem de incenso subir, o incenso precisava ser aceso. As brasas que acendem o incenso e mandam a nuvem em direção ao céu vinham do altar do sacrifício.
A razão por que os nossos corações e as nossas orações são tão frios e sem vida, e não sobem acima das nossas cabeças, é porque deixamos de visitar o altar do sacrifício, temos nos recusado a morrer.
Muitos apelos nos são constantemente feitos, para uma submissão mais profunda das nossas vontades, um abandono mais profundo dos nossos desejos, gostos, ambições e aspirações. Recusar-se a permanecer na cruz, retirar-se do altar do sacrifício, afirmar e reafirmar o “eu”, tudo isto traz desgosto ao espírito de oração e deixa os nossos corações frios e os nossos espíritos imóveis. A nuvem de incenso não sobe porque o incenso não foi queimado.
É a oração fervorosa do homem justo que muito pode, mas a vontade própria assassina o verdadeiro fervor. Se as nossas orações devem ser realmente fervorosas e portanto eficientes, precisamos deixar o “eu” morrer no altar do sacrifício.
“Se eu no coração contemplara a vaidade (iniquidade) o Senhor não me teria ouvido” (Salmos 66.18). A vaidade é qualquer coisa que vem do homem caído e, portanto não vem de Deus. Deixar de guerrear diligentemente contra todo o tipo de pecado, e não somente pecado, mas também todas as faltas e deficiências é contemplar a vaidade nos nossos corações. O evangelho nos é dado não somente para nos livrar do pecado visível e exterior, mas também para mudar as nossas disposições internas.
As grandes coisas que roubam da maioria de nós o poder na oração não são nossas transgressões cometidas, mas as nossas disposições impuras, sem tratamento e sem purificação. Muitos de nós pensamos que nossas disposições inerentes nunca poderão ser transformadas pela graça disciplinadora e purificadora de Deus. É verdade que elas nasceram em nós. Mas o pecado também nasceu em nós. Será que devemos tolerar o pecado da mesma forma que toleramos a disposição chata e desagradável que herdamos?
A graça luta em nós contra tudo que não é semelhante a Cristo. Toda complacência, toda tolerância de imperfeições conhecidas matam o espírito de oração e impedem o incenso de subir. Se queremos acender o espírito de oração, devemos visitar com frequência o altar das ofertas queimadas para renovar a entrega da nossa vida natural.
Sacrifício do “eu” é o caminho para o fervor e o poder na oração. Lembre-se, de manhã e à tardinha o sacerdote no Templo pegava as brasas do altar de Holocausto e acendia novamente o fogo no altar do incenso. Todo o tempo que o incenso ficava nas brasas havia uma grinalda de fragrância flutuando para cima em direção ao Trono.
O significado deste simbolismo sagrado é que precisa haver ocasiões definidas e frequentes de oração, que o incenso deve ser aceso periodicamente para poder subir continuamente — significando que a oração deve estar presente em todas as partes da vida e toda a vida deve ser oração.
Ninguém pode viver uma vida de oração sem períodos separados para a oração. Cristo levantava-se cedo e ia para as montanhas para orar.
Frequentemente passava noites inteiras em oração. Se o nosso Senhor e Salvador sentia a necessidade de uma comunhão solitária com o Pai, podemos nós, com segurança, nos privar desta tão necessária comunhão?
O incenso era aceso novamente a cada manhã e a cada tarde. E sem períodos frequentes de comunhão com Deus, o espírito de oração desaparecerá das nossas vidas. Sem o constante espírito de oração, a oração é uma fórmula inútil.
“Senhor, ensina-nos a orar” (Lucas 11.1).
Autor: Paul Billheimer
Fonte: O Arauto da Sua Vinda
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