Você Pergunta: Sou evangélica há
pouco tempo e esses dias fiquei bem confusa quando uma amiga minha, que é
católica, perdeu a sua mãe e eles organizaram uma reunião de oração pela alma
dela...
Perguntei para ela e ela me disse
que a Bíblia nos manda orar pelos mortos, para que sejam perdoados e alcancem o
céu. Agora fiquei confusa, devemos orar pelas pessoas que já morreram?
Cara leitora, sua pergunta vai
permitir esclarecer essa questão importante.
(1) Em primeiro lugar devemos entender que a crença de que
devemos orar pelos mortos para que seus pecados sejam perdoados e eles sejam
libertos do famoso “purgatório” não tem apoio nas Escrituras Sagradas
inspiradas. O texto geralmente usado para embasar essa doutrina é de um livro
apócrifo do século II A.C. acrescentado pela Igreja Católica Romana à coleção
bíblica em 1546 D.C. Esse livro é 2 Macabeus. O texto mais precisamente está em
2 Macabeus 12.44-45: “Se não tivesse esperança na ressurreição dos que tinham
morrido na batalha, seria coisa inútil e tola rezar pelos mortos. Mas,
considerando que existe uma bela recompensa guardada para aqueles que são fiéis
até à morte, então esse é um pensamento santo e piedoso. Por isso, mandou
oferecer um sacrifício pelo pecado dos que tinham morrido, para que fossem
libertados do pecado.”. Esse texto embasa a doutrina de orar pelos mortos.
Porém, será que a Bíblia apoia isso?
(2) Causa estranheza verificarmos que não existe, por
exemplo, sequer uma única menção no Novo Testamento e no Antigo Testamento (sem
considerar o apócrifo citado acima) a respeito de alguém fazendo a prática de
orar pelos mortos e sendo aprovado por Deus. Sabemos que a maior esperança que
temos é que nossos parentes e amigos que morrem alcancem a salvação e a vida
eterna. Se isso dependesse de alguma ação nossa, dos vivos, após a morte da
pessoa, estou certo de que todos o faríamos apaixonadamente. Se orar pelos
mortos realmente tivesse qualquer ação na vida de um morto, certamente isso
estaria descrito na palavra de Deus como ordenança de Deus a nós, mas não está.
A Bíblia não orienta isso e ainda tem textos contrários a prática de orar pelos
mortos.
(3) Além disso, Jesus deixou claro que se alguém morrer sem
crer Nele estaria morrendo em seu pecados: ”Por isso, eu vos disse que
morrereis nos vossos pecados; porque, se não crerdes que EU SOU, morrereis nos
vossos pecados.” (Jo 8. 24). Ora, se a pessoa tivesse uma segunda chance após a
morte, certamente o Mestre ensinaria isso, nos dizendo que deveríamos orar pela
pessoa que morreu para que alcançasse a salvação. Ao invés disso Jesus investe
suas orientações na importância da pregação do evangelho aos vivos para que
creiam e tenha vida e, ao mesmo tempo, deixa claro o que acontece com quem não
crê no Seu evangelho: “E disse-lhes: Ide por todo o mundo e pregai o evangelho
a toda criatura. Quem crer e for batizado será salvo; quem, porém, não crer
será condenado.” (Mc 16.15-16). Fica evidente aqui que a pessoa crê ou não crê
enquanto viva e não após a sua morte através de orações e sacrifícios dos
vivos.
(4) Ainda fica evidente em outros textos bíblicos que não
existe qualquer respaldo para apoiar a oração para mortos e nem purgatório,
principalmente o texto de Hebreus 9.27: “E, assim como aos homens está ordenado
morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo”. Ou seja, depois de morrerem
“uma só vez” os homens recebem “o juízo”. Mais claro que isso impossível.
(5) Ainda temos um momento interessante vivido por Jesus. Na
morte de Lázaro Jesus chorou pelo morto (João 11.35) e orou e ministrou aos
vivos que ali estavam que, sabemos, eram os que realmente precisavam ouvir a
respeito do evangelho libertador e crer nele. A ação de Jesus é a ação que toda
a Bíblia nos chama a fazer: Quanto aos vivos, pregar a eles para que creiam.
Quantos aos mortos, sentir a dor da perda deles.
(6) Assim, fica evidente que não existe qualquer partícula
mínima na Bíblia que apoie a oração pelos mortos. Fica evidente também que o
texto de 2 Macabeus usado para apoiar essa atitude vai contra o que diz o
restante da Bíblia, o que deixa ainda mais claro que ele não pode ser
considerado inspirado por Deus e, por isso, não pode ser base de doutrina
qualquer na igreja de Deus. No máximo pode ser usado como um informativo histórico
da época em que foi escrito.
Por: Presbítero
André Sanchez
Fonte: Esboçando Idéias
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