Existem muitas passagens bíblicas que nos exortam a orar e o nosso propósito nesse artigo não é de forma alguma desmerecer esta ênfase. Queremos isto sim, compreender todo o conselho de Deus nas Escrituras e assim trazer equilíbrio para orarmos com mais eficácia.
Há uma tendência no meio dos evangélicos de exaltar a oração como se fosse a solução para todos os problemas. Pensamos que se um determinado problema persiste é só porque não oramos suficientemente, ou não oramos com fervor ou fé adequados.
De fato, recentemente, até a comunidade científica e médica está reconhecendo a oração como um elemento decisivo na recuperação de doentes, conforme artigos publicados na, imprensa secular (Time, Isto É, Seleções e vários jornais).
Ao ler e comentar estas reportagens muitos cristãos têm precipitadamente aplaudido, pensando erroneamente que tratam de confirmações científicas da eficácia da fé e da oração conforme ensinadas na Bíblia. Entretanto, após uma análise um pouco mais profunda, é possível verificar que uma coisa não tem nada a ver com a outra.
Existe uma grande diferença entre crer na oração e crer em Deus. Segundo a fé cristã, não é a oração que cura ou que resolve a situação mas sim Deus que ouve a oração e atende. Usando um exemplo bem simples: quando ligamos para um médico para vir cuidar de um parente, não é o telefone que cura o nosso querido e sim o médico que foi chamado por meio dele.
No caso das reportagens mencionadas acima, os pesquisadores descobriram que a oração é um elemento, muitas vezes determinante, na cura, indiferente da religião ou do ser espiritual a quem ela é dirigida. Isto não exalta a fé em Deus e sim a fé na fé.
Apesar de ser verdade que o pensamento positivo e a fé (seja fé em si mesmo, seja fé em santos ou em qualquer outra coisa) exercem um efeito terapêutico e às vezes resolvem situações difíceis (vendas, sucesso em negócios, solução de relacionamentos etc.) isto não significa que são a mesma coisa que a fé cristã.
Os ensinamentos bíblicos não focalizam tanto os mecanismos práticos da oração (como, quando e quanto orar) quanto à importância do nosso relacionamento com Deus. Mais importante do que a quantidade de tempo gasto na oração, do que a intensidade, fervor ou eloqüência da oração, é quem está orando e a QUEM ele está orando (Pv 15.8; Dn 9.23;10.12; Êx 33.17).
Somente quando aprendemos em que situações não devemos orar, é que aprenderemos a orar de verdade, pois assim entenderemos o verdadeiro propósito da oração. É um paradoxo: quando endeusamos a oração como uma espécie de auto-ajuda que resolve todos os problemas, acabamos não entendendo sua natureza real, o que nos faz orar muito pouco e isso por sua vez nos traz um constante peso de culpa.
Mostraremos a seguir alguns exemplos bíblicos sobre a oração que não funciona.
1. A oração como sacrifício, como obra para ganhar mérito diante de Deus.
Bem no início da Bíblia encontramos a história de Abel e de Caim onde Deus rejeita o sacrifício de Caim, mas aceita o sacrifício de Abel, sinalizando desta maneira que jamais aceitaria a oração como fruto do suor do homem (Gn 4.1-7).
Jesus também mostrou a mesma coisa quando ensinou aos discípulos a não usarem vãs repetições como os gentios “que pensam que pelo seu muito falar serão ouvidos” (Mt 6.7). Deus só aceita a oração baseada na graça da Nova Aliança, nos méritos do Cordeiro. Oração como obra humana é abominação para ele (Lc 18.9-14).
Por: Harold Walker
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