É tempo de reavaliarmos nossa identidade. Até que ponto a natureza cristã faz diferença em sua vida?
Um dos momentos mais marcantes da vida do ser humano é quando começamos a ser reconhecidos pela sociedade. O momento em que a desacreditada criança começa a tomar espaço nas conversas e no sistema.
Eu me lembro claramente quando recebi minha Cédula de Identidade (RG). Foi incrível como um documento tão simples, cujo uso hoje em dia é tão comum, marcou tanto a minha adolescência. A sensação era que a minha existência começara naquele momento. A sociedade me conhecia, afinal, eu tinha uma identidade. Daí por diante, vários momentos como esse surgiram, mas nada se compara à emoção que aquele pequeno documento verde causou no coração de uma criança.
Refletindo sobre esse acontecimento da minha vida, passei a pensar em algo que aflige quase todos nós em algum momento de nossas vidas. A questão da identidade. Mais do que um simples documento, ou um devaneio de criança, essa questão parece trazer imensas crises emocionais e psicológicas em cada um de nós. Quem sou eu? Por que nasci? Qual o verdadeiro propósito de minha existência?
Para alguns, tais perguntas parecem apontar drasticamente para um imenso vazio: Crise de identidade. Esse é o tipo de problema que não parece estar explícito na Bíblia. Durante anos de minha vida cristã, nunca alguém abordou biblicamente esse assunto.
Harold Híll, um escritor norte-americano, escreveu a seguinte frase: “A Bíblia é o manual do fabricante”. Sendo assim, Deus, o grande fabricante, não se esqueceu de nenhum detalhe ao escrever o manual.
Estudando um pouco mais a respeito da identidade, me deparei com a chocante história de Daniel (Dn 1). Imagine um jovem judeu, criado no temor do Senhor, educado nas leis e tradições judaicas, que é levado em cativeiro para uma outra terra, permeada de idolatria, paganismo e perversão.
Sendo um jovem de boa aparência e inteligente, Daniel é levado ao palácio do Rei Nabucodonosor, para ser educado nos costumes caldeus. A primeira atitude do rei é alterar seu nome. Daniel, cujo nome significa “Deus é meu juiz”, agora passaria a ser chamado Beltessazar, que traduzido é “Que Bel (deus principal da Babilônia) te proteja”.
Em seguida, seus hábitos alimentares são alterados. O rei manda servir seus manjares, que em sua essência contradiziam todos os costumes judaicos. Imagine Daniel sentado àquela mesa. Como em tão pouco tempo, sua vida tomara um rumo tão diferente? O que fazer agora? Como deixar toda sua essência para se tornar alguém que nunca havia sido? Penso que uma crise de identidade se estabelecera por alguns momentos em sua mente.
Sociologicamente, o homem é fruto das influências do meio em que vive; sendo assim, Daniel poderia escolher tranqüilamente mudar sua existência e viver como um caldeu. Mas que glorioso é saber que isso não aconteceu. No versículo 8, lemos: “Daniel, porém, propôs no seu coração não se contaminar com a porção das iguarias do rei, nem com o vinho que ele bebia.”
A essência foi preservada, a natureza foi conservada e nem mesmo a esmagadora cultura paga pôde mudar um coração voltado a Deus. Com esse servo do Senhor aprendemos algumas verdades sobre identidade.
Por: Mateus Ferraz, membro do Conselho Editorial da Revista Impacto
Fonte: Revista Impacto
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