Por: Christopher Walker
A Bíblia
foi o maior presente que Deus deu aos homens – depois do seu próprio Filho. É a
revelação de Deus a nós, é a história do seu amor, do seu zelo, da sua paixão,
do seu ciúme, dos seus planos, da sua paciência, da sua fidelidade, das suas
alianças.
Apesar de
ter tantos autores humanos diferentes, que escreveram em épocas tão distantes
umas das outras, constitui uma mensagem unida, harmoniosa, consecutiva, e que
cresce e desenvolve até seu grande clímax final no Apocalipse.
Um dos
maiores milagres da Bíblia é que, apesar do seu propósito de revelar Deus aos
homens, somente aqueles que têm o código secreto de acesso conseguem realmente
abrir os mistérios nela escondidos.
Não, não é
nenhum grupo especial ou esotérico que detém este código secreto. Nem é através
de longos anos de estudos profundos ou intelectuais que podemos chegar lá. Pelo
contrário, uma parte do código é ser humilde, ser criança, sentir necessitado.
“Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, que ocultaste estas coisas aos
sábios e entendidos, e as revelaste aos pequeninos,” Jesus orou (Mt 11,25).
O que
assusta sobre este código secreto é que não são apenas as pessoas que
declaradamente rejeitam o amor e o plano de Deus que ficam impedidos de
compreender o que lêem (quando lêem). As igrejas também estão cheias de pessoas
que carregam a Bíblia embaixo do braço, mas nunca foram além das fórmulas
básicas do caminho da salvação, e não têm qualquer idéia da verdadeira
história, do verdadeiro drama que a Bíblia foi escrita para revelar. Mais do
que isto, muitos pregadores, seminaristas, pastores e líderes, não a conhecem
no seu verdadeiro conteúdo.
Usamos a
Bíblia para descobrir como escapar do inferno, para saber como conseguir as
coisas de Deus, para viver uma vida melhor, para suavizar nossas mentes e
emoções quando estamos angustiados, perplexos ou deprimidos, para servir de
devocional, para dar bons exemplos, para tirar boas ilustrações para os
sermões.
Usamos a
Bíblia para defender nossas teorias, para desenvolver doutrinas, práticas ou
códigos de conduta, para provar que estamos certos, para excluir, condenar e
julgar quem não se identifica com nossos pensamentos ou formas de servir a
Deus.
Dividimos a
Bíblia em várias partes, a maioria das quais não tem muito a ver com nossa vida
atual, e assim a sua leitura não nos traz muita luz ou edificação. “Isto foi só
no tempo da lei, isto não vale mais para nós, Deus não é mais assim” – nós
pensamos.
Em
essência, continuamos como fariseus, conhecedores da Bíblia (às vezes nem
isto), mas sem conhecer o coração de Deus, sem conhecer sua história, seu
pensamento, seus caminhos. Aceitamos Jesus, sim, aceitamos seu perdão, queremos
ir para o céu, até experimentamos seus milagres e poder sobrenatural, mas não
paramos para entender e sentir seu coração.
Qual é o
código secreto? Qual a senha? Mostre-nos, para que consigamos entrar, para que
conheçamos os segredos de Deus. Quem não quer entrar no conselho secreto de
Deus? (SI 25.14)
O código
está pela Bíblia inteira. Conhecemo-lo de cor, recitamos os versículos, e de
tão conhecido, achamos que faz parte da nossa vida. Mas não é um código para
memorizar, nem digitar num computador.
Jesus o deu
ao jovem rico, mas ele não o conseguiu usar. Deu ao escriba que perguntou qual
era a chave de toda a Bíblia, e muitos se admiraram da resposta. Não só porque
era uma resposta profunda e sábia, mas porque foi tirada de um texto que todos
conheciam.
Há muitos
séculos antes, Deus o dera ao seu povo através de Moisés, com quem falava face
a face. E até hoje, a voz de Deus pode ser ouvida, suplicando, chamando,
convidando: “Ouve, Israel! Ouve, por favor, ouve! Escuta com o coração! Sente a
paixão, o desejo, o anseio! O Senhor nosso Deus é o único Senhor. Não há outro
marido, não há outro objetivo, não há outro sentido na vida. Nada mais pode
concorrer com isso. Nada pode tomar o seu lugar no teu coração. Amarás ao
Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todas as tuas
forças.” (Dt 6.4,5)
Está em
todas as páginas da Bíblia. Foi o que o homem e a mulher perderam no jardim do
Éden, quando duvidaram da intenção e motivação de Deus em dar aquela ordem. Que
amor é este que coloca uma ordem que não é para o bem da pessoa amada?
O resto da
Bíblia é a história de como Deus está procurando reencontrar este amor perdido.
E nós estamos tão preocupados em salvar e guardar e edificar a nossa vida, e em
ir para o céu, que nem nos interessamos pelo que realmente está no coração de
Deus.
Podemos ser
povo de Deus, e não ser seus amigos. Infelizmente, é isto que tem acontecido em
grande parte da história de Deus com o homem. Mas, de onde estivermos, seja
qual for nossa posição como filho de Deus, obreiro, ou até ancião do povo de
Deus, ainda podemos ter acesso ao conselho íntimo de Deus, e conversar com ele
sobre seu plano, seus segredos, e seu coração, se o buscarmos “de todo o
coração e de toda a alma” (Dt 4.29).
Fonte: Revista Impacto
Nenhum comentário:
Postar um comentário