Ora não há dúvida de que o homem moderno está
inseguro dos seus ideais e nada disposto a comprometer-se.
De pouco serve a liberdade àquele
que carece de valores ou ideais porque, não tendo na sua vida metas que valham
a pena, as suas opções têm pouco ou nenhum valor real. Fundamentalmente, o seu
problema é que não é capaz de respeitar as coisas que escolhe, porque escolheu
coisas sem valor. Mesmo na hipótese de que haja mais liberdade no mundo de
hoje, de que serve essa liberdade a um mundo que perdeu grande parte dos seus
critérios de valor? É muito triste orgulhar-se de se terem finalmente aberto
todos os caminhos, de se terem varrido todas as restrições que entulhavam esses
caminhos, e, ao mesmo tempo, ter a crescente convicção de que são caminhos que
não levam a parte alguma...
E de que serve ter abertos todos os
caminhos se, no fundo, se tem medo de escolher um dentre eles ou até mesmo de
fazer um pouco mais do que tímidas tentativas?, se, quando muito, se ensaiam
uns passos por determinado caminho, e logo se está inclinado a desandá-los por
tédio ou por cansaço, para depois experimentar outro caminho (outro trabalho,
outro homem, outra mulher...), e outro, e outro...?
O homem de hoje contempla com tanto
receio a possibilidade de se comprometer que está em perigo de paralisar
voluntariamente o seu poder de escolha, a sua própria liberdade. Escolher é
comprometer-se. Toda a escolha é um compromisso. Por isso, aqueles que têm medo
de escolher ou se limitam a tentativas que abandonam rapidamente, contradizem e
anulam a sua própria liberdade.
O homem moderno, como o homem de
todas as épocas, está na encruzilhada de vários caminhos, mas enquanto tiver
medo de se comprometer, ficará estancado na encruzilhada.
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