2 - As promessas de Deus cooperam para o bem do homem piedoso.
“Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o Seu propósito.” (Romanos 8.28).
As promessas são
anotações nas mãos de Deus; não é bom termos segurança? As promessas são o
leite do evangelho; e não é o leite para o bem da criança? Elas são chamadas “preciosas promessas”
(2º Pe 1.4). Elas são tônicos para a alma que esta a ponto de desmaiar. As
promessas são cheias de virtude.
Estamos nós sob a culpa do pecado?
Há uma promessa, “o
Senhor [é] compassivo e grande em misericórdia” (Êx 34.6), na qual
Deus, por assim dizer, põe Seu glorioso bordado e estende Seu cetro de ouro
para encorajar pecadores pobres e hesitantes a se achegarem a Ele. “O Senhor,
misericordioso.” Deus está mais disposto a perdoar do que a punir.
A misericórdia abunda em Deus mais do que o pecado em nós. Misericórdia é a Sua
natureza. A abelha naturalmente produz mel; ela ferroa apenas quando é
provocada. “Mas”, diz o culpado pecador, “eu não mereço misericórdia”. Ainda
assim, Ele é gracioso: Ele demonstra misericórdia, não porque nós merecemos
misericórdia, mas porque Ele se deleita na misericórdia. Mas o que isso
significa para mim? Talvez meu nome não esteja entre aqueles que são perdoados.
“Ele usa de
misericórdia para milhares” (cf. Jr 32.18). A casa do tesouro da
misericórdia não está falida. Deus tem muitas riquezas disponíveis, sendo
assim, por que você não viria para tomar parte entre os Seus filhos?
Estamos nós sob a podridão do pecado?
Há uma promessa que coopera para o bem: “Curarei a sua infidelidade” (Os 14.4).
Deus não apenas concederá misericórdia, mas também graça. E Ele fez uma
promessa de enviar o Seu Espírito (Is 44.3), o qual, por Sua natureza
santificadora, é às vezes comparado nas Escrituras à água que limpa o vaso; à
peneira que joeira o milho; às vezes, ao fogo que refina o metal. Assim, o
Espírito de Deus há de purificar e consagrar a alma, tornando-a participante da
natureza divina.
Estamos nós em grande tribulação?
Há uma promessa que coopera para o bem: “Na sua angústia eu estarei com ele”
(Sl 91.15). Deus não leva o Seu povo à tribulação e os deixa lá. Ele os
acompanhará; Ele sustentará suas cabeças e seus corações quando eles estiverem
desmaiando. E há outra promessa: “Ele é a sua fortaleza no dia da tribulação” (Sl 37.39).
“Oh”, diz a alma, “eu hei de desmaiar no dia da aflição.” Mas Deus será a força
do nosso coração; Ele trará as Suas forças para junto de nós. Ou ele fará a Sua
mão mais leve, ou tornará a nossa fé mais forte.
Tememos nós
necessidades exteriores? Há uma promessa: “Aos que buscam o SENHOR bem nenhum lhes faltará”
(Sl 34.10). Se for bom para nós, haveremos de tê-lo; se não for bom para nós,
então será retido, e isso será para nosso bem. “Eu abençoarei o vosso pão e a vossa água”
(Êx 23.25). Essa benção cai como doce orvalho sobre a folha; ela adoça o pouco
que possuímos. Deixe-me ter necessidade, para que eu possa ter a benção. Mas
temo eu não ter um meio de subsistência? Examine as Escrituras: “Fui moço e já, agora, sou
velho, porém jamais vi o justo desamparado, nem a sua descendência a mendigar o
pão” (Sl 37.25). Como nós devemos entender tal declaração? Davi
fala a respeito disso como a sua própria observação; Ele nunca contemplou tal
eclipse, ele nunca viu um homem piedoso tão rebaixado ao ponto de não ter um
bocado de pão para colocar na boca. Davi nunca viu o justo e a sua descendência
em falta. Embora o Senhor possa provar pais piedosos por um tempo, pondo-os em
necessidade, ele não fará o mesmo com a descendência dele; a descendência dos
piedosos será provida. Davi nunca viu o justo mendigando pão, ou desamparado.
Embora ele possa ser posto em grande aperto, ele não é desamparado; ele ainda é
um herdeiro do paraíso, e Deus o ama.
Pergunta: Como as promessas cooperam para o bem?
Resposta: Elas são alimento para a fé, e aquilo que fortalece a fé coopera
para o bem. As promessas são o leite da fé; a fé suga delas os nutrientes, como
a criança os suga do peito. “Jacó teve medo e se perturbou” (Gn 32.7). Seu espírito
estava prestes a desmaiar, e agora ele vai para a promessa: “E disseste: Certamente eu
te farei bem” (Gn 32.12). Essa promessa foi o seu alimento. Ele
adquiriu tanta força dessa promessa que foi capaz de lutar com o Senhor a noite
toda em oração, e não deixou Ele ir até que o houvesse abençoado.
As promessas são
também fontes de alegria. Há mais nas promessas para nos dar conforto do que há
no mundo para nos causar perplexidade. Ursino foi confortado com esta promessa:
“Da mão do Pai
ninguém as pode arrebatar” (Jo 10.29). As promessas são tônicos
para aqueles que estão desmaiando. “Não fosse a tua lei ter sido o meu prazer, há
muito já teria eu perecido na minha angústia” (Sl 119.92). As
promessas são uma rede para puxar o coração e impedi-lo de afundar nas águas
profundas da angústia.
Nota do Tradutor:
Talvez, uma referência a Zacarias Ursino, um dos autores do Catecismo de
Heidelberg. Você pode ler uma breve biografia a respeito dele no blog Reforma
& Razão.
Trecho da obra A
Divine Cordial (“Um Tônico Divino”), de Thomas Watson, publicada pela
primeira vez em 1663.
Tradução e Fonte: Voltemos ao Evangelho
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