Muitos, mesmo dentro das igrejas, agem
como se o louvor fosse uma mensagem dos homens para um Deus distante. E a
pregação fosse a resposta mística desse Deus quase ausente. Temos que crer que
Deus pode ser tocado no meio da multidão, mesmo quando sua soberania é tão
evidente.
Há algum tempo atrás ouvi uma frase que mudou minha visão
sobre Deus. A frase dizia: “Deus é um ser infinito e pessoal”. Estas duas
qualificações divinas contêm o profundo mistério da existência e do amor de
Deus. Como pode alguém ser infinito e pessoal?
Ora, o infinito não tem começo nem fim. Ele se estende por
toda a eternidade. Ele simplesmente é. Para um ser com esse atributo não
importa o que se passa em um intervalo de tempo de cem anos, pois é apenas um
ínfimo pedaço da eternidade.
Pense em você. Um ser limitado ao tempo e ao espaço. Cem anos
representam a eternidade para o ser humano. Tudo em nossas vidas tem um começo,
meio e fim. Somos limitados por pessoas, por épocas, por circunstâncias e por
nós mesmos. Somos limitados por nossos sentimentos; somos finitos em nossas
habilidades, enfim, somos um ínfimo pedaço da eternidade enquanto pisamos nesta
terra. A morte vem e esse ínfimo pedaço já não altera o presente, é relembrado
pelo passado e ignorado pelo futuro. É isso que eu e você somos. Comparados à
infinidade divina, somos desprezíveis e insignificantes. Deprimente, não?
Os homens vivem como se durassem eternamente. Compra-se,
vende-se, casa-se e dá-se em casamento, exatamente como nos dias de Noé, sem se
preocupar se vem ou não o dilúvio. Atualmente, a situação é um pouco exagerada,
pois além da vida fútil, vive-se uma vida impura e perniciosa, entregue à
limitação da vida. “Viva tudo o que puder e nunca arrependa-se de não ter
feito.” Esse é o pensamento que tem permeado a mente de jovens, adultos e até
mesmo os pequenos infantes que mal conhecem a vida. Esse pensamento é incutido
pela TV e apoiado pela omissão dos pais. Tudo é eterno… enquanto dura.
O que é o homem comparado a Deus? O que é um insignificante
pedaço da eternidade comparado à eternidade toda? Se nada fosse dito, e se
esse artigo terminasse aqui, seria apenas uma reflexão deprimente sobre a
pequenez humana. Embora seja importante lembrarmos dessa verdade de quando em
quando, não é só isso que tenho a dizer.
Deus é um ser infinito e pessoal. O que é ser pessoal?
Pessoal é íntimo. É aquele que é tão próximo de você quanto você mesmo. É
aquele que faz parte de você. Que anda com você. Que fala com você. Pessoal é o
Deus do jardim do Éden, que fala com o limitado Adão como se fosse eterno.
É o Deus do monte Sinai, que escreve suas leis para os
simples mortais. É o Deus que se importa de tal forma com os “pedaços de
eternidade” que envia seu Filho para pagar o preço que é muito alto para eles.
Como pode o infinito ser pessoal? Como pode Deus se importar
conosco? Mistérios não podem ser desvendados, apenas vividos.
“Mas Deus dá prova do seu amor para conosco, em que, quando éramos ainda
pecadores, Cristo morreu por nós” (Romanos 5.8).
Muitos só conhecem o Deus infinito. Outros, somente o Deus
pessoal. Poucos o conhecem como infinito e pessoal. Talvez porque ainda
tentamos aplicar nossa lógica miserável ao Deus infinito. Ou ainda tentamos
manter distante nosso Deus pessoal. Os que o vêem apenas como infinito, sabem
do seu poder, da sua soberania e do seu governo sobre tudo e todos, mas o vêem
como um ser infinito demais para ser alcançado, soberano demais para ser
incomodado, e grande demais para ser tocado. Os que o vêem como um Deus
pessoal, vêem um Deus próximo, amigo e conselheiro, mas não crêem que um amigo
possa fazer muita coisa além de ouvir-nos.
Precisamos mudar essa perspectiva. Temos de ver Deus como
amigo. Temos de olhar o soberano como amoroso. Deus não nos criou para viver
como se ele não existisse. Muitos, mesmo dentro das igrejas, o servem como se o
louvor fosse uma mensagem dos homens para um Deus distante. E a pregação fosse
a resposta mística desse Deus quase ausente. Temos de resgatar a fé da mulher
com fluxo de sangue. Temos de crer que Deus pode ser tocado no meio da
multidão, mesmo quando sua soberania é tão evidente.
Temos de buscar o Senhor porque ainda se pode achar (Isaías
55.6). Porque o Deus infinito anseia por ser pessoal para você. Não viva o
cristianismo como se fosse uma utopia inalcançável. Não viva como se Deus fosse
limitado ao pensamento humano. Mas viva como filho de Deus. Viva baseado no maravilhoso
mistério de que enquanto estamos nesse mundo, desfrutamos da oportunidade de
nos relacionarmos com um Deus infinito e pessoal, que nos presenteou com a
eternidade, em Cristo Jesus.
“Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto
o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos
semelhantes a ele; porque assim como é, o veremos” (João 3.2).
Por: Mateus Ferraz
Fonte: Revista Impacto
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