Na verdade acho que esse arranjo de
reunião centrada em um palco, onde todos esperam o momento em que uma pessoa
vai proferir a palavra curadora, tolhe a comunidade de expressar a
multiplicidade dos dons e da graça de Deus e trava as iniciativas para desenvolver
uma igreja terapêutica.
Mais grave ainda é que esse
entendimento não está restrito aos encontros, ele se estende aos
relacionamentos. No dia-a-dia, a comunidade que deveria crescer mediante
múltiplas interações, mediadas pelo Espírito entre seus membros, parece
paralisada, esperando que seu "curador oficial" ofereça a provisão
necessária a todo o rebanho. O apelido que damos a esse "curador
oficial", se pastor, bispo, padre, presbítero, apóstolo, líder de grupo
pequeno ou célula, professor, guru ou qualquer outra coisa, não importa; a
questão é que esse modelo dificulta à igreja de Jesus viver o seu melhor como
comunidade curadora.
O desafio é grande, porque, de alguma
forma, há um pacto para a manutenção deste modelo. Ele oferece algum tipo de
conforto para ambas as partes: de um lado o "curador oficial" receber
reconhecimento, posição, sustento e palco enquanto a comunidade vive a ilusão
anestesiante do "salvador da pátria" e alivia-se na falsa esperança
de que será cuidada. Por outro lado, o curado oficial é massacrado por responsabilidades
sobre-humanas e impossíveis de serem cumpridas por um único mortal e a igreja
perde muito da riqueza de ser família (muitos irmãos e um único pai) e da
beleza de ser corpo (muitos membros e uma só cabeça),
Penso que enquanto não houver disposição
para refletir sobre problemas como estes, o ministério de Jesus não será
completo em nós. Haverá proclamação e algum ensino, mas a preciosa cura que vem
do poder do Espírito em (todos) nós será sempre bem menos do que poderia ser.
Texto extraído e editado a partir de
minha participação no fórum de discussão realizado no contexto da disciplina
"Aconselhamento Pastoral" tendo como assunto "Formas de
viabilização da comunidade terapêutica". Fórum realizado dentro do formato
proposta pela EST - Escola Superior de Teologia.
Fonte: Idéia de Reflexão
Por:
Aristarco Coelho
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