Por: Al
Whittinghill
Suplicar com Lágrimas
“Derramai perante ele o
vosso coração” (Sl 62.8).
Devemos derramar nossos corações diante de Deus antes que ele
possa derramar o Espírito sobre nós. Lembro de como fiquei chocado quando
examinei as Escrituras e vi algumas palavras ali que temos esquecido. Tem a
palavra grega penthos, que significa um coração quebrantado e contrito, um
fluir do coração e da alma, uma empatia com Deus, compungido no coração, de
coração partido. E depois há palavras como “solicitude” – sentir junto com o
Senhor.
Temos feito isto em oração? Temos tomado tempo para ouvi-lo e
dizer: “Senhor, estou à tua disposição” – talvez incapazes de falar, às vezes
apenas gemendo. Esta é uma dimensão de oração, um clamor de coração para
avivamento.
Lembro-me quando o Senhor começou a me ensinar isso. Estava
passando a noite com um maravilhoso casal da igreja Presbiteriana, um
presbítero e sua esposa, e eu pregaria na sua igreja aquela noite e nas duas ou
três noites seguintes. Tivemos um encontro naquele primeiro dia para conversar.
Harold era um homem amável, mas percebi logo que havia algo errado, algo no seu
interior que o estava impedindo. Comecei a orar por ele.
Falei: “Senhor, mostra-me como orar por Harold. Não sei como
orar por ele. Há algo errado, mas não tenho a menor idéia do que seja.”
Naquela noite, fomos à igreja e tivemos um culto maravilhoso.
Quando chegamos em casa, antes de irmos dormir, eu disse: “Por que não oramos
juntos?” Então Harold, sua esposa e eu demos as mãos uns aos outros e começamos
a orar.
Abri minha boca e disse: “Senhor, quero levar Harold diante
de ti…”, e sem qualquer emoção, sem qualquer sensação de entrar nos meus
próprios sentimentos humanos, foi como se a tristeza invadisse todo meu ser.
Minha voz começou a falhar e pensei: “O que está acontecendo comigo?” Meus
olhos começaram a lacrimejar, e perguntei a mim mesmo o que iam pensar sobre
este pregador se chorasse na oração.
“Senhor, o que vão pensar?” disse no meu íntimo. Mas o Senhor
aparentemente não se importava com o que iam pensar. Tentei me recompor, mas
tudo que conseguia dizer era apenas: “Harold… Harold…” As lágrimas escorriam
pelas faces, e caíam do meu queixo. Humilhado, não conseguia soltar minhas mãos
para pegar meu lenço, porque estávamos de mãos dadas. Continuei tentando me
controlar, mas não pude fazer outra coisa senão soluçar e dizer: “Harold…
Harold…”
Isto continuou por uns dez minutos. Estava totalmente
humilhado. Finalmente, tudo que consegui dizer era: “Perdoem-me. Não sei o que
está acontecendo.”
No mesmo instante, Harold disse: “Eu sei o que está
acontecendo”. Fomos dormir. No dia seguinte, de manhã, tivemos uma reunião de
oração. Harold ficou em pé e disse: “Quero agradecer a Deus por ter me
libertado ontem à noite naquele momento de oração – depois de trinta anos de
escravidão!”
Gemidos Inexprimíveis
Fiquei profundamente comovido. Fui para um lugar para estar
sozinho com o Senhor. Perguntei: “Senhor, o que está tentando me ensinar? O que
está acontecendo?”
O Senhor respondeu: “Você queria saber como orar por Harold.
Mas você não ama a Harold como eu o amo. Eu o amo. E você não conhece a Harold
como eu o conheço. Como pode orar por Harold? Mas você disse que queria
aprender a orar por ele. Então eu aceitei suas palavras ao pé da letra. Tomei
suas emoções emprestadas. Tomei seu coração emprestado. Tomei suas palavras
emprestadas. E orei por Harold através de você. Você entrou numa dimensão de
oração que pouco conhece. O Espírito de Deus fez intercessão através de você
com gemidos que nunca poderiam ser colocados em palavras humanas, pois eram
grandiosos demais, profundos demais para isso; como isso seria impossível,
tomei suas faculdades emprestadas para fazer minha oração. E, a propósito Al, o
Pai sempre ouve minhas orações.”
Então eu disse: “Senhor, isto é realmente algo que dá para
experimentar? Podemos entrar nisso?” E o Senhor começou a mostrar-me Epafras no
livro de Colossenses (4.12): “… que sempre luta por vós nas suas orações”. A
palavra “luta” é a palavra “agonizomai” no grego. É a mesma palavra usada para
se referir à luta de Jesus no Jardim do Getsêmani (Lucas 22.44). “E, posto em
agonia…” (“agonai”). É a mesma palavra usada para a Maratona Grega de 41
quilômetros. E é a mesma palavra que Paulo usou quando disse que queria que os
cristãos romanos lutassem (agonizomai) juntos com ele em oração (Rm 15.30).
Mas onde está hoje a agonia? Deus está nos dizendo que
devemos ir além da nossa posição atual na oração, que devemos esperar nele até
que nossos corações se quebrantem, até que sejamos conduzidos a uma nova
dimensão. Nossas orações terão uma dimensão cósmica e veremos coisas
surpreendentes acontecerem.
O Dom de Lágrimas
Este é um dom de Deus e não o receberemos se o não pedirmos.
Em Gálatas 4.6, diz: “E porque sois filhos, Deus enviou aos nossos corações o
Espírito de seu Filho, que clama: Aba, Pai”. Sempre lia esta passagem, e achava
que se referia a falar suavemente: Aba, Pai. Mas a palavra “clama” usada aqui é
krazein, que é usada do geraseno endemoninhado, que andava gritando pelos
sepulcros e montes (Marcos 5.5). O que Gálatas 4.6 quer dizer é que quando nos
colocamos diante de Deus, o Espírito do Filho amadurecido é enviado ao nosso
coração e clamamos “Aba” – que é um gemido impossível de ser colocado em
palavras. É um estado de enfraquecimento, uma carga no coração, uma atitude de
“Não mais eu, mas Cristo em mim” na oração.
Conhecemos algo sobre “Não mais eu, mas Cristo em mim” quando
se aplica ao nosso viver diário, mas quando foi a última vez que o aplicou à
sua vida de oração? Não conheço muito esta dimensão na oração tampouco, mas
desejo aprender a fim de responder ao clamor por avivamento que está no meu
coração há muitos anos.
Examine a história e verá que foi nos grandes momentos de
avivamento, quando lágrimas e quebrantamento vieram para a igreja, que Deus
rasgou os céus e desceu. Foi quando rasgaram seus corações e choraram diante
dele.
Isto é muito além de chorar por arrependimento ou por alegria
diante do Senhor. É entrar na comunhão do seu sofrimento, é relacionar-se com o
Espírito Santo, é orar com o Espírito. É colocar a mim mesmo e as minhas
faculdades à disposição do Espírito Santo. Torno-me como leito de rio, como
wadi, e Deus derrama o seu Espírito; de repente, através desta pessoa seca e
vazia passa um fluir torrencial da sua Presença. Começamos a ver com seus olhos
e a sentir com seu coração, a ansiar com seus desejos e a respirar com seu
sopro. Isto nunca pode ser produzido pelo homem. É trabalhado em nós pelo
próprio Deus. Este é o dom de lágrimas.
Fonte:
O Arauto da Sua Vinda
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