Antes da guerra, os cristãos eram uma
minoria tolerada, com liberdade relativa. Mas, depois de três anos de guerra
civil, a Igreja encontra-se no fogo cruzado entre as facções em guerra. Todos
os sírios, são vítimas de tiros e bombardeios. É cada vez mais frequente a ação
de extremistas islâmicos.
Durante o conflito, os combatentes da
oposição se tornaram radicais. Analistas afirmam que existem cerca de 100.000
combatentes em mais de 1.000 grupos armados atualmente ativos no conflito. O
chefe de Gabinete das Forças Armadas da Alemanha, general Volker Wieker,
testemunhou há alguns meses ao parlamento alemão que a influência da Al-Qaeda
nestes grupos estava se tornando mais forte.
Esta é uma péssima notícia para os
cristãos. "Os cristãos estão presos bem no meio do fogo cruzado. A
oposição não vê os cristãos como seus irmãos, somos tratados como a categoria
mais baixa do país. Alguns combatentes da oposição até mesmo veem os cristãos
como partidários do governo e, portanto, considera-nos seus inimigos. Mas
também para o governo, nós, como cristãos, não somos vistos como aliados",
disse um cristão de Damasco.
Aumento na violência
Tudo começou no início do conflito. Em
março de 2012, dezenas de milhares de cristãos foram expulsos de suas casas. Em
maio do mesmo ano, moradores cristãos da Al Qusayr foram ameaçados e milhares
de cristãos fugiram da cidade.
Em abril de 2013, o Arcebispo
Greco-ortodoxo Boulos Yazigi e o Arcebispo Sírio Yohanna Ibrahim foram
sequestrados por supostos combatentes da oposição. Suas igrejas não possuem
notícias desde o sequestro, mas eles presumem que os bispos ainda estão vivos.
De várias cidades e vilarejos na Síria surgiram notícias de líderes e cristãos
assassinados.
Em 15 de agosto de 2013, o grupo Jabhat
al-Nusra (ligado à Al-Qaeda) invadiu a aldeia cristã de Marmerita. De acordo
com relatórios, 35 moradores cristãos foram mortos e 200 mulheres cristãs
sequestradas. Dois dias depois, 9 cristãos foram assassinados a sangue frio.
Em setembro de 2013, a frente rebelde
Al- Nusra (ligada à Al-Qaeda) assumiu o controle da antiga cidade cristã de
Maaloula, a nordeste de Damasco. De acordo com moradores, vários cristãos foram
mortos durante a ocupação.
Em 21 de outubro de 2013, um grupo de
combatentes da oposição entrou na antiga aldeia cristã Sadad – conhecida como o
centro do cristianismo na Síria. Uma semana depois, eles foram expulsos pelas
tropas do governo. Durante a semana de ocupação, pelo menos 45 habitantes da
aldeia perderam suas vidas, incluindo 14 mulheres, 2 crianças e 4 idosos. Além
disso, três igrejas foram vandalizadas em Sadad.
De acordo com o arcebispo Selwanos
Boutros Alnemeh, da igreja Metropolitana Ortodoxa Síria de Homs e Hama, cerca
de 2.500 famílias fugiram de Sadad. "O que aconteceu em Sadad",
declarou ele, "é o maior massacre de cristãos na Síria, e a segunda em
todo Oriente Médio".
"Nós sentimos medo, frustração e
até depressão. Mas no final escolhemos permanecer e sentimos paz com
isso", diz a esposa de um pastor de Damasco.
A Igreja continua firme
Apesar de tudo isso, a situação não
paralisou a Igreja. Um pastor de Damasco diz: "Nós somos os embaixadores
de Deus. Muitas nações tiraram seus embaixadores da Síria. E se o céus
retirassem seus embaixadores da Síria?".
Os líderes da Igreja em todas as
regiões comentam que muitos cristãos deixaram suas cidades e foram para locais
mais seguros na Síria ou no exterior. Cristãos de diferentes igrejas começaram
a visitar estas pessoas deslocadas internamente (PDI) e começaram a distribuir
comida para os mais necessitados. A Portas Abertas está apoiando igrejas de
várias denominações em toda a Síria, a fim de distribuir pacotes de alimentos
para mais de 8.000 famílias por mês.
Uma das igrejas que está ajudando os
deslocados com oferta de alimentos fica em Tartous. O pastor da igreja diz:
"Nós tivemos de fazer uma escolha: Deixar a Síria ou servir. Nós começamos
com 16 famílias, perto do Natal em 2011, agora ajudamos cerca de 1600
famílias".
Nesses tempos de necessidade, a oração
tornou-se mais importante para os cristãos. Muitos deles estão de joelhos em
oração. Houve eventos de oração em várias cidades no país, e em muitas igrejas
há reuniões de oração semanais ou até mesmo diárias, com muitos mais
participantes do que antes da guerra. Um efeito colateral positivo é que muitos
não-cristãos participam dos cultos, disposto a saber mais sobre a fé cristã.
"Esta é realmente uma coisa nova. Por causa da guerra as pessoas têm fome
da Palavra", disse um jovem cristão de Damasco.
Fonte: Ifanzine Underground
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