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Não existe domingo fácil no Vietnã

         O Vietnã, 18º país em que mais se perseguem cristãos, é o lar de mais de 50 minorias étnicas. Cada uma tem sua própria linguagem e cultura. Para os pastores tribais do Vietnã, pode ser mais fácil morrer por Cristo do que viver por ele.

         Toda essa diversidade é um desafio para os líderes do governo, cujos ideais comunistas são avessos à individualidade, à propriedade privada e à religião.
         O grupo kinh é o maior das 54 tribos registradas pelo Estado, de acordo com uma fonte online. Eles constituem cerca de 86% das 91 milhões de pessoas do país. São chamados de povo "Viet". A maioria dos homens de negócio, pessoas instruídas e líderes políticos é kinh. Um líder da Igreja que prefere ser chamado por seu nome em inglês, Peter, observa o preconceito, a exclusão embutida e silenciosa.
         "Os kinhs ocupam as cidades", diz ele, "enquanto os povos tribais estão nas regiões mais remotas e inacessíveis". A minoria, como a maioria kinh se refere ao restante dos grupos étnicos, constitui a força de trabalho, empregada nas fábricas e fazendas. Alguns deles possuem um pequeno pedaço de terra para cultivar, mas facilmente o perdem se fizerem duas coisas: lutar por emancipação ou seguir a Cristo.

Os cristãos tribais e o Decreto 92

         No que se refere à Igreja no Vietnã, cristãos que pertencem a grupos étnicos constituem a maioria. Seis em cada dez cristãos protestantes (60%) no país pertencem a uma tribo, de acordo com a equipe de pesquisadores da Portas Abertas.
         O Decreto 92, colocado em vigor em janeiro passado, requer que os adeptos a certas crenças solicitem permissão oficial da Comuna do Povo, um escritório do vilarejo, antes de se reunirem para atividades religiosas. Para um milhão de cristãos tribais do país, isso significa informar e obter a aprovação das autoridades locais antes de cultuarem, orarem e terem comunhão em um domingo.
         "Temos de fazer uma solicitação toda vez", conta Vanh* à Portas Abertas, um pastor tribal de uma igreja doméstica. "Preparamos uma lista das pessoas que comparecerão. Também informamos a programação, as atividades, quantos dias. Então, eles (os funcionários da Comuna do Povo) nos dão aprovação verbal. Não é oficial, mas deveria ser".
         Para se obter uma licença oficial para que a igreja doméstica continue a existir e funcionar, o pastor Vanh deve seguir um conjunto diferente de regras e satisfazer os requisitos de funcionários religiosos dos níveis provincial e distrital. Por um lado, sua igreja deve estar assentada em um imóvel próprio. Ele também deve provar que a igreja não violou nenhuma lei religiosa e foi exemplo de "atividades religiosas estáveis" (ex.: culto dominical, festividades de Natal, aulas de discipulado e outras) por pelo menos 20 anos desde a primeira vez que obtiveram licença no nível do vilarejo ou da Comuna.
         "Se as igrejas domésticas quiserem se registrar", diz Moan*, outro pastor tribal, "elas devem despender muito tempo e esforço. E isso leva muitos anos. Se o líder da igreja é fraco, ele pode desistir e continuar se reunindo (em secreto) sem permissão".
         É isso que alguns pastores tribais têm feito, com algumas consequências terríveis. Em dezembro de 2013, por exemplo, duas igrejas domésticas no norte do Vietnã foram invadidas. Os membros se dispersaram, as Bíblias foram confiscadas e um pastor foi espancado com tijolos. Pelo menos, 20 cristãos estão lutando agora para se reunirem aos domingos para cultuar.

*Nomes e outros dados foram alterados e ocultados para a segurança dos pastores e seus ministérios.

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